Há algum tempo me foi pedido para escrever a história de duas mulheres, ou seria a história de duas almas perdidas num limbo existencial? Tentei fazer da mesma um conto de fadas, o qual tendia para o lado da heroína, ou seria uma pseudo heroina? Naquele momento acreditava que seria minha heroína, mas sinto que me enganei, mas também, como todo conto de fadas tem duas versões, no mínimo, escrevo agora, anos depois, uma outra face desta mesma história.
Este conto se passa em algum lugar do Brasil, não quero locá-la em nenhum outro. Neste lugar, uma cidade provavelmente, habitavam estas duas mulheres: Ana Paula e Natasha. A segunda vivendo das migalhas da primeira e aquela vivendo numa idolatria desta.
A Ana Paula achava que não poderia viver sem a Natasha, que ela a ajudava a ver o lado bom da vida e principalmente, entregar-se a ele. O que a princípio era uma brincadeira, uma idéia baseada na letra de uma música, foi aos poucos se tornando real, primeiro a Natasha, personagem da Ana Paula (acho que o primeiro que ela criou) em seguida o alter ego da Ana Paula, a menina tímida, rejeitada. A Natasha quis dar à Ana Paula, sensações as quais ela nunca havia experimentado, fazê-la cometer sandices nas quais a Ana Paula nunca havia pensado. A menina passou a acreditar que aquilo era certo. Possuída pela Natasha a Ana Paula bebeu, fumou, foi pra cama com alguns rapazes, magoou outros, para que? Pelo simples prazer de dizer: eu quis, eu fiz. Durante algum tempo, eu também, autora, acreditei na veracidade e na liberdade ou deveria dizer leviandade da Natasha, cheguei a defendê-la abertamente, como se ela precisasse de uma advogada. Aos poucos percebi o quanto a personagem da Natasha é fraco, raso, que a mesma só existia na mente da Ana Paula e o que estava aparentemente fundido, de repente foi se separando, a Natasha foi ficando cada vez mais fraca, foi esmorecendo, até morrer, junto com seu instinto suicida e aos poucos a Ana Paula reapareceu, ou ainda reaparece, toma forma e consciência de si mesma. Agora estou no trabalho de criação de outra personagem, mas desta vez sou eu mesma, num trabalho constante de me recriar.
Hoje chego a pensar que se pudesse definir a Natasha, ela diria que esta personagem bizarra, foi uma forma dela se torturar, se flagelar, por tudo aquilo que estava guardado dentro dela e que não se sentia capaz de deixar expressar. A Natasha foi a Auschwitz particular da Ana Paula, porém a mesma foi mais forte, sobreviver a ela, assim como aqueles sobreviveram as torturas do holocausto. Trouxe marcas ainda que superficiais desta experiência, mas assim como os sobreviventes, carregou em si a vontade e a esperança de sobreviver e isso fez com que hoje eu chegasse até aqui para contar esta história.
Agradeço a Ana Paula por ter sobrevivido e peço perdão por tê-la julgado tão mal e precipitadamente. A Ana Paula realmente foi mais forte, afinal foi ela que, assim como Hermes, trouxe Orpheu do submundo para a superfície, trouxe a menina que estava lá no seu próprio submundo.
As experiências foram válidas, sofridas, mas válidas, assim como os sobreviventes tornaram-se mais fortes, ela também se tornou, embora, sinto que não repita a dose.A Ana Paula pede perdão, por todos aqueles que passaram pelo caminho da Natasha, e pede perdão também por ela, por todos os quais ela magoou, embora sinta que fosse para evitar um mal maior. A Ana Paula espera ser perdoada, mas se não for, não tem importância, pois ela já se perdoou, hoje a Ana Paula aceita quem é.
Este conto se passa em algum lugar do Brasil, não quero locá-la em nenhum outro. Neste lugar, uma cidade provavelmente, habitavam estas duas mulheres: Ana Paula e Natasha. A segunda vivendo das migalhas da primeira e aquela vivendo numa idolatria desta.
A Ana Paula achava que não poderia viver sem a Natasha, que ela a ajudava a ver o lado bom da vida e principalmente, entregar-se a ele. O que a princípio era uma brincadeira, uma idéia baseada na letra de uma música, foi aos poucos se tornando real, primeiro a Natasha, personagem da Ana Paula (acho que o primeiro que ela criou) em seguida o alter ego da Ana Paula, a menina tímida, rejeitada. A Natasha quis dar à Ana Paula, sensações as quais ela nunca havia experimentado, fazê-la cometer sandices nas quais a Ana Paula nunca havia pensado. A menina passou a acreditar que aquilo era certo. Possuída pela Natasha a Ana Paula bebeu, fumou, foi pra cama com alguns rapazes, magoou outros, para que? Pelo simples prazer de dizer: eu quis, eu fiz. Durante algum tempo, eu também, autora, acreditei na veracidade e na liberdade ou deveria dizer leviandade da Natasha, cheguei a defendê-la abertamente, como se ela precisasse de uma advogada. Aos poucos percebi o quanto a personagem da Natasha é fraco, raso, que a mesma só existia na mente da Ana Paula e o que estava aparentemente fundido, de repente foi se separando, a Natasha foi ficando cada vez mais fraca, foi esmorecendo, até morrer, junto com seu instinto suicida e aos poucos a Ana Paula reapareceu, ou ainda reaparece, toma forma e consciência de si mesma. Agora estou no trabalho de criação de outra personagem, mas desta vez sou eu mesma, num trabalho constante de me recriar.
Hoje chego a pensar que se pudesse definir a Natasha, ela diria que esta personagem bizarra, foi uma forma dela se torturar, se flagelar, por tudo aquilo que estava guardado dentro dela e que não se sentia capaz de deixar expressar. A Natasha foi a Auschwitz particular da Ana Paula, porém a mesma foi mais forte, sobreviver a ela, assim como aqueles sobreviveram as torturas do holocausto. Trouxe marcas ainda que superficiais desta experiência, mas assim como os sobreviventes, carregou em si a vontade e a esperança de sobreviver e isso fez com que hoje eu chegasse até aqui para contar esta história.
Agradeço a Ana Paula por ter sobrevivido e peço perdão por tê-la julgado tão mal e precipitadamente. A Ana Paula realmente foi mais forte, afinal foi ela que, assim como Hermes, trouxe Orpheu do submundo para a superfície, trouxe a menina que estava lá no seu próprio submundo.
As experiências foram válidas, sofridas, mas válidas, assim como os sobreviventes tornaram-se mais fortes, ela também se tornou, embora, sinto que não repita a dose.A Ana Paula pede perdão, por todos aqueles que passaram pelo caminho da Natasha, e pede perdão também por ela, por todos os quais ela magoou, embora sinta que fosse para evitar um mal maior. A Ana Paula espera ser perdoada, mas se não for, não tem importância, pois ela já se perdoou, hoje a Ana Paula aceita quem é.
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